quarta-feira, 23 de maio de 2012


Vereadores Zebrão e Paulo Soni ameaçam repórter de O Diário
             Os vereadores Paulo Soni (PSB), Aparecido Zebrão, Heine Macieira (ambos do PP), Mário Hossokawa (PMDB) e Flávio Vicente (PSDB) criticaram ontem, durante sessão da Câmara de Maringá, reportagens de O Diário. Zebrão e Paulo Soni disseram que o jornalista Murilo Gatti, autor de algumas das reportagens, vai ter uma "surpresinha".
Flávio Vicente e Heine se queixaram de publicações do jornal que trataram da pouca participação de parlamentares em reuniões de comissões e de projeto que fixou os subsídios em R$ 12 mil para a próxima legislatura.
            Zebrão criticou matéria publicada em 20 de março do ano passado. A reportagem, de Murilo Gatti, apontava a ausência do vereador em uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A notícia provocou a abertura de inquérito pelo Ministério Público, que comprovou as denúncias mostradas na reportagem.Sob argumento de "ausência de dolo", a promotoria decidiu pelo arquivamento da investigação no último dia 16.
            Zebrão disse que nunca faltou em uma reunião de comissão e que "falaram um monte de besteirada da minha pessoa no O Diário. Queria dizer ao Murilo Gatti que ele vai ter uma surpresinha, ele que me aguarde. Porque estou entrando com uma ação contra ele que vai ter que provar aquela mentira que contou."
                                                    Ricardo Lopes

Vereadores Zebrão (acima) e Paulo Soni: "avisos" enviados pelo plenário
           
            Também se referindo à reportagem sobre a frequência nas comissões, Soni disse que o jornalista "contou uma mentira enorme sobre nossa conduta." Ele disse ainda que, se faltou "na comissão, foi uma vez, e nunca entrei lá 3 minutos e saí, como ele disse no jornal. Então ele também vai ter uma surpresinha minha, entendeu?"

Macieira leu um trecho do documento do Ministério Público que informava sobre o arquivamento do inquérito. "A imprensa quer ver só o lado negativo, é isso que vende. É isso que dá Ibope. Quando a Justiça diz que é inocente, não publicam nenhuma linha. Isso é um fato."
              Citando outra reportagem de Gatti, Flávio Vicente disse que a publicação foi infeliz e que teve um tom jocoso. "Infelizmente essa matéria veio nessa linha, de fazer essa brincadeira de que há vagas, mas não explica direito, não usa um critério correto", disse ele, referindo-se a notícia publicada no domingo com o título "Só 1,2% da população tem ‘salário de vereador’".
              A matéria fez um paralelo entre empregos da iniciativa privada que pagam salários próximos a R$ 12 mil e a função de vereador, com subsídio de R$ 12 mil aprovado para a próxima legislatura.
              Hossokawa, presidente da Casa, protestou contra outra reportagem, feita por Vanda Munhoz, do dia 11 de maio e que se referia à votação de projeto de redução do salário de R$ 12 mil para R$ 8 mil. O projeto precisava de maioria para ser aprovado, mas empatou em sete votos. Hossokawa lembrou que fez proposta de R$ 9,4 mil, e não de R$ 8 mil, o que justificaria a abstenção.
OPINIÃO DO REPÓRTER
Para reflexão
            O jornalismo incomoda porque faz o leitor refletir. Não precisamos afirmar que R$ 12 mil é muito para pagar um vereador. Basta compararmos com a realidade de quem trabalha na iniciativa privada, onde apenas 1,2% dos trabalhadores maringaenses ganha mais do que este valor.
Todos sabem que o vereador não precisa de estudos e qualificação, mas de votos. Ressaltamos isto para mostrar ao eleitor a necessidade de se analisar muito para escolher bem. Bastou um mês - em 2011 - para que O Diário mostrasse o descumprimento de horário e as atas industrializadas das comissões permanentes da Câmara.
            A constatação desagradou vereadores porque motivou inquérito do Ministério Público. Ao final, a promotoria encontrou ilegalidade, confirmou com funcionários o teor da reportagem, mas considerou que não houve dolo ou má-fé para ingressar com ação por ato de improbidade administrativa.
            O objetivo do jornal foi atingido: os integrantes da comissão foram cobrados a cumprir os horários, e os funcionários, a fazer atas realistas. Uma boa reportagem incomoda. Se deixar de incomodar, não vai ser jornalismo.

Murilo Gatti
Jornalista de O Diário

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